sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Prólogo

O assunto era democracia.

Ato I

Um falava sobre o Irã, o outro sobre Atenas:
- Não sei se devemos temer tanto.
- Quem diria, berço da democracia.

[intervalo]

[O escrivão lembrou que Platão disse sem querer:
- Esqueçam os persas!]

Ato II

Um falava sobre o Irã, o outro sobre Atenas:
- Sabia que os persas já foram iranianos?
- Sabia que a democracia já foi grega.

[segundo intervalo]

Naquela de Platão dizer o mundo sem lugar, o mundo U-TOPOS, o mundo Utopia, tirou o Irã da jogada, deixou todo mundo ter raiva do que era persa e inventou o EU.

Ato III

Quando o EU apareceu neste mundo, tomou conta da VIDA e a VIDA ficou submissa aos caprichos do EU. Todos olhavam para o surgimento do EU como um ganho, mas um homem que fumava cigarro de palha, sentado de cócoras, disse entre risadas de louco:
- Isto é tipo comprar um sítio, duas alegrias: quando compra e quando vende!

Ato IV

O EU chegou silencioso no mundo, dizendo EU posso, é só EU querer que tudo acontece, sou EU quem decide o futuro, e a VIDA ficou ali, na espreita, esperando a hora da grande "venda".

Ato V

O homem continua de cócoras, meio vagabundo aquele homem, meio poeta, meio desvalido de utilidade, mas costuma dizer para quem passa e para os homens que conversam sobre democracia:
- Sonho com os dias em que a vida seja maior do que EU.

Epílogo

O escrivão abre o jornal, onde lê:

Milhares estão nas ruas de Atenas protestando contra a crise financeira que assola o país.

UE embarga petróleo do Irã.

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