Neste carnaval meu corpo sangrou palavras como furar a orelha para colocar o brinco.
Mandei o meu corpo para oficina fazer a revisão. Distraído ouvi da boca da mulher-que-orientava-o-curso-das-coisas a seguinte história:
Na Nicarágua de antes, um pequeno índio entrava todos os dias na grande Igreja. Lá imitava os tantos com o rosário em mãos e passava as contas numa única mão até a Virgem sorrir para ele, depois ia embora, como os santos.
Num dia qualquer, o padre de batinas longas, estranhando o comportamento colorido daquela alegria mirim, perguntou reticente:
- Você sempre vem aqui... vejo que sabe rezar, então reza o Pai Nosso e a Ave Maria?
- Ah?
- O Pai Nosso e a Ave Maria?
- Ah?
- Vejo você usando o rosário como todos, de maneira correta...
- Eu só olho bem nos olhos da Virgem e digo: um pra mim e um pra você e ela ri pra mim.
E com voz catequética o Pai ensinou a reza ao filho e a Virgem nunca mais riu.
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E o adulto "nublou" o olhar da criança....
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