quinta-feira, 12 de abril de 2012

Um homem comia bichinhos-da-goiaba através do fruto.
Ontem conversei com o pai do escritor.
Ele dizia:
- estou aflito, porque em breve vou encontrar-me com aquilo que está antes da morte.
O escritor não sabia o que o pai queria dizer ao que o pai respondeu-lhe:
- não quero dizer nada, estou dizendo já.
O pai tinha as pernas parecendo troncos velhos de árvores e seus cabelos eram longos, suas unhas estavam grandes e seu rosto sulcado pelo tempo.
O escritor guardava o ar que arranhava palavras enquanto olhava o pai.
Um dragão de comodo apareceu bem na hora de dizer:
- eu te amo meu pai.
E todos só tinham olhos para o rabo do bicho.
O pai não tinha medo, parecia que ele tinha entendido algo do mistério - que por ser da ordem do mistério não pode entrar na ordem do desmistério.
Ainda com os olhos virados para a criatura que tinha surgido - sabe-se lá de onde - o pai continuava a escrever no escritor:
- guarda suas certezas e não luta com o que te faz mal, o melhor é não resistir ao que te faz mal, vira as costas e deixa que a coisa se devolva pra si o que de mal ela guarda para o mundo.
Nesta hora apareceram por ali morcegos herbívoros. Eles gostam das goiabas que ficam dentadas de noite para o dia habitá-las de bichinhos.

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