terça-feira, 10 de abril de 2012

O escritor escutou de um Millôr Fernandes de 1989:
- Uma vez me perguntaram por que homens e mulheres se expressam tanto com a palavra e tão pouco com o desenho, com a música. Foi o que respondi: são cinco bilhões falando do momento que acordam até a hora de dormir. Dá para entender?

Esta frase estava na lembrança do escritor, escorreu até os dedos, foi o que pensou:
- Será que quando a gente guarda uma lembrança, mesmo esta à época do muro que ruía, será que estamos escrevendo algum texto dentro de nós?

Daquela lembrança-pergunta, de singela e ingênua, cavou um poço:
- Nós pensamos ou somos pensados?

Ele não parava, não conseguia descansar os dedos.
Então, preparou uma cumbuca com água quente e pôs os dedos a dançar naquela poça:
- O que fiz com a frase de Millôr foi roubo, cópia, plágio, citação ou autoria.

Sem saber. Digitou o que pensava e ainda pensou:
- Seria mais feliz se ao invés de "digitou" tivesse escrito "desenhou", mas isto não seria verosímil.

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