A mulher de nariz grande olhava o cachorro defecando no quintal:
- Amar é cansar-se de estar só.
O homem de jaleco marrom tinha um cortador de unhas enguiçado:
- O mundo da letra é a invenção de um mundo de solidão.
A criança com os pés-duro de asfalto quente tinha um nariz que escorria:
- Leitura e escrita são caminhos para a interioridade.
A velha cozinhava brócolis na panela de pressão enquanto ouvia o rádio AM:
- Sou um só como todos e como todos sou um só.
O velho acumulava papéis na gaveta da cômoda do quarto, em disputa com as toalhas bordadas pela mulher:
- Os que amam continuam solitários.
Nossa Senhora ficou muda desde que acenderam a luz do quarto escuro. O oco que era da santa ficou dentro daquela criança sentada no canto do mundo.
terça-feira, 17 de abril de 2012
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