quarta-feira, 7 de março de 2012

Navegar Meninos III

Andando por uma rua de girassóis-olhos-para-o-céu o menino queria chegar lá. Todos que por ele passavam faziam a mesma pergunta: para onde você vai. O menino respondia: sei lá. Quanto mais andava por ali mais sentia que aquele caminho continuava a exigir dele um caminhar para lá. Ninguém daquele lugar-de-fazer-coisas-de-fazer-coisas-e-nada-nunca pensava em lá, só queriam saber do aqui e de si. E o menino não tinha si e só pensava sei lá. Quando perguntavam para o menino para quê fazer o que ele fazia ele respondia: sei lá. O menino pensava que quem ficava parado dizendo o saber tudo daqui adoentava de nó nas pernas e podia cair de tropeço em desgosto. O menino reparou-se duvidoso daqui ao ver uma minhoca indo para lá e não parada aqui ziguezagueando inutilidades para a terra. Os outros-todos receosos de dizer o sei lá que sentiam, vendo o menino em seu sei lá profundo enxergaram o silêncio de aquietar-se entre girassóis e olharam para o céu. Viram um passarinho dando gosto para o acaso e sei lá. O não sei daqui de todos de repente quis saber lá. O menino deitou saudade por aquilo que só saberia quando lá chegar.

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