terça-feira, 15 de maio de 2012

Não adiantava frear.
As palavras vinham em paródia,
em paráfrase,
em estado de cópia.
O poeta gritava:
- Pare imediatamente com isto: é meu o poema.
Nada fazia o rio voltar-se para atrás:
revoltado os dedos do escritor-copista caminhava numa velocidade
impossível de acompanhá-la com os pensamentos de dentro.
Os dedos agora pensavam de maneira emancipada da cabeça
e daí foram logo dizendo:
Dentro do pasto tinha uma vaca.
Tinha uma vaca dentro do pasto.
Tinha uma vaca
Dentro do pasto tinha uma vaca.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas
Nunca me esquecerei que dentro do pasto
Tinha uma vaca
Tinha uma vaca dentro do pasto
Dentro do pasto tinha uma vaca.
A vaca de dentro.
Disseram ao homem:
- Larga a mão de olhar para o pasto. Veja o espaço.
O homem achou aquilo frustrante, e sentiu raiva.
O resmungo dava a mão ao passado infantil:
- Não pode.
Depois de dias e noites, o homem chegou ao espaço.
De lá, viu a cerca da vaca e pensou:
- A revolta é tudo aquilo que faz a gente voltar para isto que nos faz paralisar.

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