sexta-feira, 1 de junho de 2012

(dois conversam sem pontuações, sentados na pedra)
Um - Tudo bem
Dois - Tudo
Um - Que dia
Dois - Que dia
Um - É
Dois - É mesmo
Um - Difícil, não é
Dois - Difícil
Um - Nada, e você
Dois - Também não
Um - Pois é
Dois - Não é
Um - E eles, por onde andam
Dois - Nunca mais os vi
Um - Segunda-feira eu vou
Dois - Puxa, na segunda para mim é impossível
Um - Uma hora dá certo
Dois - Claro
Um - E você
Dois - O que é que tem
Um - Nada
(Um continua o caminho de dizer, dois acaba de escutar alguma coisa e fica ali, parado em si. O que dois ouviu fez com que o escritor deixasse de dialogar as falas destas personagens que nasciam, roubado que foi por uma digressão).
"E você" foi uma voz vinda de outro lugar para lembrá-lo de que ali havia alguém que falava e alguém que ouvia. Sempre somos lembrados que conversar é dizer algo até a borda da escuta.
Quando não se dá atenção ao chamado, nascido no interior da conversa, entra-se no dizer apertado que espana o encontro.

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